Aroldo Camelo de Melo
À volta vejo uma penumbra sem rastro
E cada coisa em baixo relevo
Se apaga como uma sombra fugidia.
Será necessário apelar para
Essas memórias recrudescidas?
Não direi nada
E o que poderia dizer, não diria nada.
Sei que ainda respiro
Porque meus olhos inda guardam
Sintonia com meu cérebro.
Todas essas cores pesam como chumbo
E nunca o opaco se fez tão imperativo.
A luz refletida no translúcido
Navega indefinidamente na escuridão da noite.
Astros se entreolham à distância
E tudo se turva na neblina cósmica.
Estarei mergulhado num buraco negro?
terça-feira, 3 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
CANTO DO FILHO AUSENTE
Aroldo Camelo de Melo
Mote: Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Não sei se noite ou dia
Quando deixei Pilõezinhos,
Minha ribalta, meu ninho,
Palco de minha alegria.
Até agora me extasia
A cigarra e seu cantar.
Hoje fico a matutar:
É formoso o meu torrão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Não, não sou desconhecido
Tampouco um ventureiro,
Aqui fomos os primeiros
A chegar sem alarido.
Fico muito comovido
Com o povo a festejar
Seu protetor no altar,
Ó que santa devoção.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Se me chamam forasteiro
Na terra de nascimento
Sinto grande desalento
Sangro o corpo por inteiro.
se sou hoje um viajeiro
Correndo mundo a vagar
Saudades sinto eu lá,
Me doendo a solidão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Deixei atrás o perfume
Das flores dos meus vergéis
Saudades dos menestréis
Acendendo todos os lumes.
Pirilampos, vaga-lumes
Nos estrados a piscar
Tudo, tudo a acenar
Sublimando a amplidão,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Era eu ainda infante
Quando tive que sair
O destino me fez partir
Em rotas perambulantes.
Velejei por rios possantes
Tendo Deus a me zelar,
Minha mãe pôs-se a rezar
Ajoelhada em oração,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
O homem quando se afasta
De seu mundo natural
Não é episódio banal
E se chora não é farsa,
É como se a desgraça
Caísse sobre seu lar.
Sua vida desmoronar
Ele vê na vastidão,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Entre sonhos embalados,
Lendas e tantas quimeras,
Meu pai me narrou as eras
Do início do povoado;
E dos seus antepassados
Feitos me pode contar.
Era assim de admirar
Aquela sua devoção,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Assim vou fechar o mote
Feito com muito carinho,
É aqui meu belo ninho
Que me trouxe tanta sorte.
Faço questão que anote
O que findei de grafar,
Já ninguém pode negar
O apego ao meu torrão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Mote: Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Não sei se noite ou dia
Quando deixei Pilõezinhos,
Minha ribalta, meu ninho,
Palco de minha alegria.
Até agora me extasia
A cigarra e seu cantar.
Hoje fico a matutar:
É formoso o meu torrão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Não, não sou desconhecido
Tampouco um ventureiro,
Aqui fomos os primeiros
A chegar sem alarido.
Fico muito comovido
Com o povo a festejar
Seu protetor no altar,
Ó que santa devoção.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Se me chamam forasteiro
Na terra de nascimento
Sinto grande desalento
Sangro o corpo por inteiro.
se sou hoje um viajeiro
Correndo mundo a vagar
Saudades sinto eu lá,
Me doendo a solidão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Deixei atrás o perfume
Das flores dos meus vergéis
Saudades dos menestréis
Acendendo todos os lumes.
Pirilampos, vaga-lumes
Nos estrados a piscar
Tudo, tudo a acenar
Sublimando a amplidão,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Era eu ainda infante
Quando tive que sair
O destino me fez partir
Em rotas perambulantes.
Velejei por rios possantes
Tendo Deus a me zelar,
Minha mãe pôs-se a rezar
Ajoelhada em oração,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
O homem quando se afasta
De seu mundo natural
Não é episódio banal
E se chora não é farsa,
É como se a desgraça
Caísse sobre seu lar.
Sua vida desmoronar
Ele vê na vastidão,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Entre sonhos embalados,
Lendas e tantas quimeras,
Meu pai me narrou as eras
Do início do povoado;
E dos seus antepassados
Feitos me pode contar.
Era assim de admirar
Aquela sua devoção,
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
Assim vou fechar o mote
Feito com muito carinho,
É aqui meu belo ninho
Que me trouxe tanta sorte.
Faço questão que anote
O que findei de grafar,
Já ninguém pode negar
O apego ao meu torrão.
Foi com dor no coração
Que deixei o meu lugar!
O QUE É SER POETA?
aroldo camelo de melo
Se sou poeta? O que é ser poeta?
Será aquele que canta, mesmo que seus arredores
Se façam surdos?
Será aquele que chora porque seu choro o liberta
De seus malogros interiores?
Será aquele que ri até sufocar suas próprias dores?
Será aquele que dorme e acorda sempre de porta aberta?
O que é ser poeta? Será um ser que busca a sublimação
Do pensar até evolar-se no horizonte?
Será aquele que se pensa semideus
Porque tem o poder de inventar um mundo só seu?
Será aquele que flutua com o amor
E o faz pousar onde bem quer?
Que é ser poeta? Será aquele que controla o tempo
E faz os astros caminharem coesos em suas rotas
E escancara do Universo as comportas?
O que é o poeta senão aquele que reverbera apenas
O cântico dos anjos que habitam os bacantes céus?
Se sou poeta? O que é ser poeta?
Se sou poeta? O que é ser poeta?
Será aquele que canta, mesmo que seus arredores
Se façam surdos?
Será aquele que chora porque seu choro o liberta
De seus malogros interiores?
Será aquele que ri até sufocar suas próprias dores?
Será aquele que dorme e acorda sempre de porta aberta?
O que é ser poeta? Será um ser que busca a sublimação
Do pensar até evolar-se no horizonte?
Será aquele que se pensa semideus
Porque tem o poder de inventar um mundo só seu?
Será aquele que flutua com o amor
E o faz pousar onde bem quer?
Que é ser poeta? Será aquele que controla o tempo
E faz os astros caminharem coesos em suas rotas
E escancara do Universo as comportas?
O que é o poeta senão aquele que reverbera apenas
O cântico dos anjos que habitam os bacantes céus?
Se sou poeta? O que é ser poeta?
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