quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ARREMEDO DE SONETO DE AMOR

Aroldo camelo de melo


Desejos exuberantes. Tempo de mil sóis.
Luzes de néon que me incandesce a aura.
Neste compasso inexiste noite obscura.
É verão sempre, sob a luz dos teus faróis

No teu regaço todas as tardes são manhãs;
Não ouso te reinventar. És fantasia completa.
Drinque alucinógeno. Quimera de poeta.
Os teus trejeitos bacantes, fêmea cortesã,

Ferve-me a alma. Como não tatuar teu nome
No alto sublime dos campanários?
O vibrar dos teus sinos me faz insone.

Soam os violões. Tremulam os véus.
Águas mansas fluem no meu estuário.
Teu corpo se faz verbo e brota no meu céu.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

TEMPOS DE POUCA LUZ

Aroldo camelo de Melo


Tropeça nas espirais do vento
E sacode as cinzas que flutuam a esmo
E se esvai como pálidas sombras
Na iminência de ser tragada
Por um redemoinho medonho.
Essa cósmica poeira que como um cavalo errante
Singra a relva celeste e entre enigmas compõe,
Numa intensidade alucinógena,
A futura ópera de deuses inoperantes e ausentes.
Deuses que teimam em abstrações vulgares
E se embriagam com a opacidade de suas próprias palavras
Adormecidos em suas redomas sombrias.
A palidez das imagens revela
Que os astros não são tão luminosos
E tudo se resume num silencioso fluir de tempos de pouca luz.

ATÉ QUE SE FAÇA ESTIO

Aroldo Camelo de Melo

a voz sem eco
desnuda-se em gritos afônicos.
é lacônico
o rosto pálido do sol
nessa manhã chuvosa
e eu sob essa abóbada
tenebrosa
vou singrando as entranhas
e minha alma estranha
os anéis de Saturno
que pululam
em seus vôos noturnos.
taciturno
me recolho nas sombras
até que se faça estio.