quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

COMO SE TUDO DESABASSE


Aroldo camelo de melo.

 

Como se tudo desabasse sobre meus ombros
E as omoplatas do universo se despedaçassem
E todos os sorrisos numa madrugada fria
Se desfolhassem.
Com se o respirar do vento emudecesse
E o tempo estancasse os sonhos
Assim se fez gérmen o medonho
E se proliferou como epidemia entre rumores
Das alamedas de pútridos olores.
Seria melhor se a mudez permanecesse imóvel
E as palavras se embriagassem do vinho
Ensandecido dos profetas do ontem
Porque os falsos deuses
Sairiam dos seus poços obscuros
E se revelariam no encontro das linhas obtusas.

sábado, 8 de dezembro de 2012

QUE SOMOS NÓS

aroldo camelo de melo

Algumas noites contemplo a cintilância do cosmos
E sinto, numa melancolia incoerente, quanto diminutos somos:
Um cromossomo em uníssono verberar na amplitude infinita
Navegando anonimamente no silencioso espaço.
Vejo o universo como um barco flutuante em harmônico compasso
com as estrelas bailando no salão oval do firmamento.
E assim pensativo, assim mudo, assim quedo
Eu me contento, enfim, em ser brinquedo
Nas mãos plenipotentes do Onipotente.
Busco insistentemente no âmago do meu imaginário
A placidez incessante dos astros longínquos e inaudíveis
Então mergulho nos calabouços dos sonhos ululantes
E acordo leve com a respiração ritmada do horizonte.
Que somos nós senão ínfimas partículas impuras
Poluindo a limpidez purpurina do firmamento?