Aroldo Camelo de Melo
Definir o caminho da jornada! Tantas trilhas!
Busca-se continentes e tudo se mostra ilhas.
Vestes rasgadas e as horas galopam velozes.
Meus pés descalços retomam, apesar de lentos,
Outrora caminhos de esperança
E meus olhos grafam, de solidão, a noite.
De solidão, porque as mãos acenaram
E o que se pensava perpétuo se esvaiu como espuma
E nunca mais será rocha, porque rocha nunca foi.
Ainda estou acordado! Meu sono entrecortado
De anseios não me deixa mais sonhar.
Escuto, apesar dos gritos, um som melodioso.
Para desespero dos iconoclastas,
O céu azul parece se desmanchar em aleluias.
Não será Ravel com seu bolero?
Ou Beethoven com suas sinfonias?
Não sei se resplandece meu semblante.
Só sei que ecoa uma sonora melodia
Na amplidão dos meus vastos horizontes!
terça-feira, 31 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
QUÃO TOLA A VAIDADE
Aroldo camelo de melo
No desespero de fulgurar
O homem mira-se sol cadente.
Se indecente, não importa
Seu vil proceder.
Quer-se incandescente.
Não mesura sua pequenez.
Ébrio de insensatez,
Pensa-se estrela, não sabendo
Que até elas, reluzentes,
Apagam-se!
Efêmeras ilusões dormem
Às sombras do tempo.
Nos umbrais do amanhecer
Nasce o abismo da vaidade,
Vaidade...
Esse monstro inerme
Que corrói as entranhas
Das azêmolas cotidianas.
Não sabem, pobres criaturas,
Que o tempo álacre
Verte no anonimato
E é no silêncio da inocência
Que a paz se faz!
No desespero de fulgurar
O homem mira-se sol cadente.
Se indecente, não importa
Seu vil proceder.
Quer-se incandescente.
Não mesura sua pequenez.
Ébrio de insensatez,
Pensa-se estrela, não sabendo
Que até elas, reluzentes,
Apagam-se!
Efêmeras ilusões dormem
Às sombras do tempo.
Nos umbrais do amanhecer
Nasce o abismo da vaidade,
Vaidade...
Esse monstro inerme
Que corrói as entranhas
Das azêmolas cotidianas.
Não sabem, pobres criaturas,
Que o tempo álacre
Verte no anonimato
E é no silêncio da inocência
Que a paz se faz!
segunda-feira, 23 de março de 2009
MOINHOS DE VENTO
aroldo camelo de melo
Não falo das águas que moveram moinhos.
Falo dos moinhos. Aqueles que esmagaram grãos.
Grãos que alimentaram o vento.
O vento embaralhou todos os caminhos.
Agora, meus passos estão cada vez mais lentos,
Mas as palavras, velozes, não guardam intermitência no tempo.
Elas emanam da minha invencionice
E se grafadas no escopo do tempo, se eternizam.
Meu mundo imerge numa incubadora de palavras.
Não importa se o tempo é dos surdos homens de pedra,
Se as flores já não exalam seus aromas
Ou se infestaram de espinhos todos os caminhos,
As palavras reverberam desde papiros e pergaminhos.
No peremptório instante quando tudo se mostra obscuro
E o espelho parece não mais refletir a luz,
Louvo as palavras que me deram de beber
E olvido os moinhos de ventos aziagos
Que não sabem nada das águas que os moveram.
Assim envelheço e o sol me faz sonhar. O sol me faz
Sonhar e sorrir após dormitar na algidez da noite.
Deixarei na memória do esquecimento
Os destroços dos moinhos de vento.
Não falo das águas que moveram moinhos.
Falo dos moinhos. Aqueles que esmagaram grãos.
Grãos que alimentaram o vento.
O vento embaralhou todos os caminhos.
Agora, meus passos estão cada vez mais lentos,
Mas as palavras, velozes, não guardam intermitência no tempo.
Elas emanam da minha invencionice
E se grafadas no escopo do tempo, se eternizam.
Meu mundo imerge numa incubadora de palavras.
Não importa se o tempo é dos surdos homens de pedra,
Se as flores já não exalam seus aromas
Ou se infestaram de espinhos todos os caminhos,
As palavras reverberam desde papiros e pergaminhos.
No peremptório instante quando tudo se mostra obscuro
E o espelho parece não mais refletir a luz,
Louvo as palavras que me deram de beber
E olvido os moinhos de ventos aziagos
Que não sabem nada das águas que os moveram.
Assim envelheço e o sol me faz sonhar. O sol me faz
Sonhar e sorrir após dormitar na algidez da noite.
Deixarei na memória do esquecimento
Os destroços dos moinhos de vento.
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