segunda-feira, 23 de março de 2009

MOINHOS DE VENTO

aroldo camelo de melo

Não falo das águas que moveram moinhos.
Falo dos moinhos. Aqueles que esmagaram grãos.
Grãos que alimentaram o vento.
O vento embaralhou todos os caminhos.
Agora, meus passos estão cada vez mais lentos,
Mas as palavras, velozes, não guardam intermitência no tempo.
Elas emanam da minha invencionice
E se grafadas no escopo do tempo, se eternizam.
Meu mundo imerge numa incubadora de palavras.
Não importa se o tempo é dos surdos homens de pedra,
Se as flores já não exalam seus aromas
Ou se infestaram de espinhos todos os caminhos,
As palavras reverberam desde papiros e pergaminhos.
No peremptório instante quando tudo se mostra obscuro
E o espelho parece não mais refletir a luz,
Louvo as palavras que me deram de beber
E olvido os moinhos de ventos aziagos
Que não sabem nada das águas que os moveram.
Assim envelheço e o sol me faz sonhar. O sol me faz
Sonhar e sorrir após dormitar na algidez da noite.
Deixarei na memória do esquecimento
Os destroços dos moinhos de vento.

2 comentários:

Anônimo disse...

é preciso divulgar a poesia para o mundo. :=)

Parabéns.

Aroldo Camelo de Melo disse...

Heloísa, obrigado!
Ajude-me nessa empreitada, divulgando o blog para amigos.
Agradeço!
Aroldo