quinta-feira, 25 de agosto de 2011

DE QUANDO EM VEZ SOPRA-ME UM VENTO PÁLIDO

Aroldo camelo de melo


De quando em vez sopra-me um vento
Pálido com odores de um tempo findo.
É uma brisa carregada de lembranças
Paisagens silenciosas que se congelam
Sob um prisma de escuras espumas.
Os meus olhos desencantados
No esôfago do tempo
Sentem uma ânsia de alumiar as sombras
Desvendar enigmas que ficaram encapsulados
Mas os pensamentos teimam em confusão
E não se libertam das amarras do silêncio imposto.
Alguns gestos em impulsos frementes
Atendem aos reclamos dos olhos
E se projetam contra as paredes obscuras
E fazem do obtuso uso
Comungando o mesmo som emitido
Pelas asas dos anjos emissários.

De quando em vez sopra-me um vento
Pálido com odores de tempos findos
Trazendo-me arrepios porque teimam
Em recolher as folhas secas
E as cinzas do incêndio do tempo!

Mas não sei como reatar alianças dissipadas
Que já não têm o fragor dos campos
E se esvaíram pelas fendas da vida
Pelas entranhas das palavras combalidas.
O tempo calou o frêmito indômito
Provocado pelos pálidos ventos.

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