quinta-feira, 9 de abril de 2009

CANTO ÀS MUSAS

Aroldo Camelo de Melo



Talvez, quem sabe, eu colhesse
Nas manhãs as gotas do orvalho matutino
E retrocedesse no tempo até onde as estrelas
Ejaculavam pingos de luz.
Talvez, quem sabe, eu espalhasse
Pelos caminhos, pétalas de begônia,
E as efusivas noites fossem repletas de glamour.
Talvez, quem sabe, eu entendesse o tempo de agora,
Pobre de sentimentos, e transformasse o cheiro de gás
Lacrimogêneo num perfumoso e colorido orquidário.
Que mundo seria onde fosse abundante o pão
E as palavras nunca soluçassem de remorsos
E o ódio emurchecido se esvaísse cabisbaixo?
Que mundo seria onde as bestas, de repente,
Se tornassem estéries e os vômitos humanos
Fossem ignorados e o amor degustado
Em cada vida como delicioso petisco?
Decerto a paz seria abundante e cada fruto
Emergido das entranhas femininas seria
Bendito e agraciado pelo Senhor do Universo.
Assim o luar em mim seria um tapete
De flores prateadas e seus pistilos
Se espargiriam pelas moradas dos deuses
E os anjos bacantes, em coro, cantariam
Alvíssaras às ninfas, filhas de Zeus!

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