terça-feira, 1 de janeiro de 2013

ONDE VÃO OS COMPANHEIROS DESTA CAMINHADA?

 Aroldo camelo de melo

 

Onde vão os companheiros desta caminhada
Com seus ventres escancarados e seus olhos
Furados em pedra bruta?
Eu direi a eles destas libertinagens e gritarei
Aos surdos com suas ramificações pelos
Labirintos inconciliáveis que os tempos de silêncio
Se perpetuam numa singular aridez
E o açoite noturno se faz ouvir nos confins
Longínquos e impenetráveis.
Por onde anda o cavalo alado dos mares bravios
Mensageiro errante de esperanças vãs
Que não anuncia o instante apocalíptico
Que se evidencia nas clareiras abertas
Por estes ventos aziagos?
Ah! Jovens e antigos companheiros de jornada
Que posso eu fazer para arrefecer esta chama
Que se espalha e dilacera todos os laços?
Que faço para aplainar esta fúria esta volúpia avassalante
Que ocupa e corrompe todos os espaços?
Meus gritos silenciaram numa plataforma de pedra
E o meu sopro incapaz de apagar o incêndio das horas.
As forças se esvaíram e se acomodaram no agora
E eu cabisbaixo e patético me escondo
Na densa folhagem desse mundo desértico.

 

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