Vou embora desta Terra
E habitarei um longínquo mundo sossegado.
Por aqui a brisa e a barra que se formam no horizonte
Estão impregnadas de negras sombras
E pesam de fuligem minhas pálpebras.
É melancólico pensar, mas a Terra
É um bólido vagante que perdeu seu rumo
E esta a deriva numa infinita espiral de insensatez.
É irônico, mas até Deus
Parece que desistiu de seu concerto
E, por certo, um outro mundo escolherá para seu Éden.
Esse outro mundo se faz necessário. E urgente!
Os que ali nascerem,
Nascerão sob os auspícios de um novo sol
E terão a tranqüilidade dos confins inabitados.
Lá, outras luas embalarão quimeras e juras de amor
Porque o amor, esse permanece,
Não conseguiram embalá-lo num chip eletrônico.
Quando me for, sei que levarei alforjes
De saudades das cascatas e cachoeiras,
Dos verdejantes campos floridos
E dos pássaros em seus gorjeios matinais,
Das capoeiras e matagais
E até das algazarras dos inúteis pardais.
Quando me for, sei que levarei alforjes
Dos odores das nostálgicas mulheres de antanho
E o meu corpo sangrará rios de virtuoso vinho
Sob o olhar piedoso das estrelas enamoradas.
Vou a busca dessa luz sonâmbula
Que intuitivamente me guie pelas fendas
Onduladas das sombras e eu encontre
A deusa que, em miraculosos sonhos,
Vem todas as noites acariciar-me a fronte
E trazer-me o sossego do amoroso canto
Na lenta e profunda pulsação da vida.
Tornaram falso o suntuoso manto azul da Terra!
terça-feira, 30 de junho de 2009
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