terça-feira, 29 de março de 2011

ERA BIZARRA
Aroldo camelo de melo

Uma era bizarra. Tempos caolhos!
E tudo ia morosamente no dia.
As horas manietadas aos olhos
Vesgos sobre brumas de monotonia.

Nada refletia a luz metálica do sol.
E tudo era opaco, translúcido talvez,
Como se apagasse, de quando em vez.
Aquele tom lilás, fim de arrebol!

Fluir de luz arredia (inda lembro!)
Indefinida no ciclo do tempo.
Senti um poderoso falcão virtual

Que feria as brancas tetas do vento
Naquela nudez estática e trivial.
E era verão, em pleno janeiro!

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