segunda-feira, 21 de março de 2011

DEUS, Ó DEUS SERÁ QUE AINDA SOU TELÚRICO?

Aroldo camelo de melo


De um fascínio fui acometido. E tudo piscava.
O vácuo imerso em luzes. Eram visões deslumbrantes.
Tudo era silêncio. Só se ouvia um tropel de cavalos alados.
E entre névoas lilases, anjos acenavam suas asas vibrantes.
Meus pensamentos, naquela uníssona e suave brancura,
Buscavam a harmonia perdida numa noite obscura.
Meu espírito, envolto em águas turbulentas,
De repente adormeceu numa quietude ilimitada.
Senti um bálsamo pousando sobre minha cabeça
E ouvi palavras amorosas que soavam plácidas
E me traziam clemência aos meus desatinos.
Não! Não foi um sonho. Senti o vento em rodopio
E brinquei com as nuvens como um menino!
Aquela voz tonitruava na proa do tempo
E ao meu contento, clamava ao meu favor.
Vi meu corpo que, em gozo profundo, levitava
E quedava num castelo repleto de anjos oníricos.
Deus, ó Deus será que ainda sou telúrico?

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