Aroldo camelo de melo
É tudo um concerto.
Orquestrado? Talvez.
Incerto? Não sei.
O certo é que é um concerto
De penumbra e claridade
De barulho e silêncio
De morte e eternidade.
Mas quando e onde
Se a imensidão não tem idade?
A vida é o que eu escrevo.
Se eu digo vida, é vida,
Se eu digo morte
A sorte está profetizada.
Somos passageiros
De um trem veloz
Que não sabe aonde vai.
Um rosto não é mais que um rosto,
É só um traço num livro que não se lê:
O grande livro da vida
Do ser do existir!
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
CORRIGIR É PRECISO
aroldo camelo de melo
Contemplas a tua aura
Em teus derradeiros passos
E verás que é necessário colorir
Os aceiros da estrada vespertina
Porque na jornada que se finda
Negligenciastes no dever
E fostes silente com teus medos
E incoerente fostes ao se deixar levar
Pelos ventos taciturnos que sopravam agouros
E te lançavam de encontro ao vazio ancoradouro.
A verdade murmura aos teus ouvidos
E deves obedecê-la sem deixar resvalar na língua o olvido.
Eis a vertente da sabedoria: saber distinguir sombra e claridade.
Assim o manto aveludado e monótono dos ceus
Será o estrado horizontal onde descansarás teu alquebrado corpo!
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
CRUCIFIXÃO
aroldo camelo de melo
Meus
pés pisam o último degrau
E
na culminância não me encontro.
A
avalanche soterrou tudo. Pronto,
O
que aconteceu com a minha nau?
As
velas antes içadas e voantes
Agora
aos farrapos pedem socorro.
Empaco
ou corro? Vivo ou morro?
É
tempo de jornada alucinante.
Grassam
nas alamedas os rumores
De
que minha embarcação naufragou
Nos
mares bravios de minhas dores.
A
minha imagem desbotada e fria
Denota
que um anjo ruim beijou
A
minha face e com ela fez orgia!
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Sou mais palhaço que mendigo
Aroldo camelo de melo
Sou mais palhaço
Que mendigo
E se maldigo
Com estardalhaço
Não é pelo destino
Malogrado
Porque esse
Vai muito bem
Obrigado.
Às vezes
Dizemos chuva
Quando faz sol
Só pra contrariar
A beleza do arrebol.
SONHO APAGADO
Aroldo Camelo de Melo
Quando criança
Pensava-me
Um nauta espacial
E via os planetas
Como bolas de gude
Dançando no Éter.
Cresci
E o nauta
Se tornou perneta,
Perna de pau.
Um corsário
De outra nau,
Uma caravela
À deriva,
Perdida
Nos gélidos mares
Da vida!
Quando criança
Pensava-me
Um nauta espacial
E via os planetas
Como bolas de gude
Dançando no Éter.
Cresci
E o nauta
Se tornou perneta,
Perna de pau.
Um corsário
De outra nau,
Uma caravela
À deriva,
Perdida
Nos gélidos mares
Da vida!
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
DO NADA AO SILÊNCIO
Aroldo camelo de melo
se em nada me faço
nesse compasso
nada eu hei de ser
e se é esse o meu querer
porque assim me sinto
um nada liberto,
do nada
me acoberto
só para viver
no meu silêncio
só pra morrer
em paz
no meu silêncio!
SEM DESCULPA
aroldo Camelo de melo
o coração em acelerada
pulsação.mais uma vez
em flagrante delito.
sem desculpa,
eu me demito!
olho por cima
dos óculos pequenoso olho da rua.
envenenado
com meu veneno.
vou juntar
os meus trapos
e farrapos.
esvaíram-se as quimeras,
a noite abandonada
me espera.
o tempo me encara
com a cara amarrotadae me cospe uma ventania
desalmada.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
NO MEU CREPÚSCULO
Aroldo Camelo de Melo
No meu crepúsculo
o que restará de mim?
Nem os músculos,
só os ossos.
Talvez,
Com muito apelo,
os últimos fios do cabelo.
As lembranças
serão rastros
apagados sobre a areia.
Só o chorume
com seus queixumes
escorrerá pelas raízes subterrâneas.
No meu crepúsculo
talvez
só os meus encalhados
opúsculos
restarão esquecidos
pelos “sebos” empoeirados.
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