domingo, 17 de abril de 2011

O POEMA É MAGIA QUE NÃO SE DESFAZ

Aroldo Camelo de Melo

Disse-me ela: lance-me fora de seus poemas.
Não quero ouvir essa cantilena!
Já não sou parte desse melodrama;
Não me envolva em suas tramas.
E disse com dedo em riste:
Não me venha com tipo triste;
Seu tempo de dom Juan não mais existe.
Olhei perplexo, paralisado
Vi o ódio pulsando no seu olhado.
Virgem Santa! Livrai-me de tanta ira.
Pensei em atendê-la,
Mas como fazê-lo e não perdê-la
E como desfazer um amor que foi amado?
Disse Pessoa que o poeta é um fingidor,
Mas como desfingir o que fora amor?
O poema é magia que não se desfaz;
É como bolha de sabão. É fugaz.
Uma vez lançado ao vento
Não se controla mais!

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