domingo, 17 de abril de 2011

QUEBREI AS VIDRAÇAS

Aroldo Camelo de Melo


Quebrei as vidraças que já não refletiam luz.
Arranquei as vísceras dos dias atrozes.
Esmaguei os ovos de serpentes ferozes.
Desnudei aforismos dos homens nus.
Rasguei as vestes dos falsos anjos lilases
E nas escadarias do templo deixei-os ao léu.
Sai gritando aos sete céus:
Insanos! Mentirosos! Aleivosos!

Enfureceram-se os vaidosos!
Lançaram-me insultos.
Provocaram grande tumulto.
Queriam fuzilar-me. Queriam meu fim.
É que os hipócritas escondem suas faces de arlequim.
Abominam tudo que revela suas caricaturas.

Não! Não me amedrontei e gritei:
Insanos! Mentirosos! Aleivosos! Ó vis criaturas!
Nem pensem que sou um anjo, um querubim,
Mas estou enojado dessas portas escancaradas,
Dessas libertinagens sem fim.

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