quinta-feira, 27 de agosto de 2009

E DE TANTA LETARGIA

Aroldo Camelo de Melo




E de tanta letargia desmorona
Os laços da paixão outrora ardente.
Desconcêntrica, a seiva aromática
Do amor evapora-se e os caminhos de pedra
Solidificam-se nas reentrâncias da mente.
No repouso deliberado e progressivo,
O sentimento fez-se combustível
Que perdeu a substância energética
E as pálpebras em estado de torpor
São lâmpadas de filamentos partidos.
A negação, a renúncia do desejo
É um prelúdio do adormecimento da partitura
de uma canção que se esvaiu no tempo.
Tudo é ausente a quem habita o silêncio da vida
E as sombras se alongam indefinidamente
Entorpecendo o tempo que, sereno,
Permanece sem flexão na cadência
Nostálgica e remota dos séculos.

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