Aroldo camelo de melo
Busquei por todas as ruas desta cidade crua
um mundo por mim imaginado,
um mundo que não se conhece e nunca se conhecerá,
um mundo liberto da insanidade dos céus,
da insanidade do tempo, da insanidade dos homens.
Mas como seria esse mundo sem a insanidade
dos deuses, sem a insanidade dos homens
e a lucidez grassasse com sua obviedade como epidemia
por todos os espaços obscuros, por todas as mentes
pagãs, por todas as mentes satânicas?
Quem poderia estancar a orgia das sombras
se a infinitude do tempo se reduzisse
à linearidade cartesiana das mulheres de Atenas?
O que seria dos beatos e ricos de fé
se os iconoclastas, como um terremoto vertiginoso,
decretassem a morte de todos os santos de pés de barro
e erguessem no mundo a tirania dos impiedosos?
O que seria dos heréticos se a verdade dos compêndios sagrados
se estabelecesse inequivocamente e o Cordeiro, enfim,
conforme a promessa, resplandecesse nos céus?
O que seria dos poetas sem essa santa sanidade
E insanidade de tudo que concebemos ?
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
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