quinta-feira, 6 de agosto de 2009

UM POEMA DE UM POETA DESCONHECIDO

Aroldo Camelo de Melo

Um poema de um poeta desconhecido
De versos enigmáticos de versos metafóricos
A rima a métrica a densa e reveladora imagética
A energia cinética das palavras a murmurar
A cada sílaba um sonho um desejo um pensar
E o náufrago das letras a se afogar na luz intensa
Ou na penumbra dos vocábulos
E todos os homens estupefatos com aquele solitário
Verso de um poeta solitário de quem só se escuta
A voz anônima a canção de amor
O grito inaudível o soluço triste.
Nada faz sentido ao ignaro e só o silêncio compreende
O não sentido do verso o não sentido do poema
O silêncio com sua voz tonitruante
O silêncio fugidio que não se define
O silêncio com sua nudez no corpo do poema
E todos os versos que se seguem mergulham
Nessa infinitude incompreensível
E a voz do poeta sem submissão
Numa inexplicável obstinação
Ultrapassa caminhos obtusos e se encanta
Num ponto desconhecido onde os enigmas se entendem
Onde as metáforas perfeitamente se conjugam.
Sua voz que grita um grito puro um lamento
A voz que ecoa num deserto de homens sem língua
A voz que chicoteia reverbera no mundo dos surdos
A voz que depois que sai da boca do poeta
Não é mais de ninguém, nem dele mesmo
É somente a voz do poema que se apropria
De sua própria existência e só o acaso definirá
Sua pretensão primordial.
E é só um poema de um poeta desconhecido.

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