Aroldo camelo de melo
Lá estava a casa
Das vertentes de minha alvorada!
Estrelas reluziam no meu ceu.
Refletiam os espelhos da lembrança
As sombras adormecidas.
Um turbilhão irrefreável de melancolia
Derramou-se sobre mim.
Como que atraído por um imã descomunal,
Quis adentrá-la!
Convite? Cuidei despiciendo.
Afinal, eu não era um ignoto,
Vez que conhecia seu reboco,
Seu piso, seu telhado.
Aquela casa não poderia dizer
Que não me conhecia.
Nem ela nem ninguém
Debaixo de seu teto se atreveria!
Queria ver meu quarto
Onde sonhei uma eternidade
Que se eternizou.
Queria rever meus sonhos,
Compará-los com a realidade
Do que hoje sou.
Será que me afastei tanto de mim...?
Queria rever meu pai, minha mãe, meus irmãos,
Todos sentados em volta da mesa,
O cuscuz fumegando, a água borbulhando na chaleira,
O café lançando seu aroma além fronteiras,
Meu irmão Moacir declamando com zelo
Augusto dos Anjos, Castro Alves
Ou um cordel do tio Zé Camelo!
De repente, senti um calafrio. Medo do vazio!
E se não existisse
Nem mais rastro do que se foi?
E se deformaram e saquearam meu templo sagrado?
Estupefato, dei-me conta de que é impossível
Cruzar a barreira do tempo.
Meu Deus! Como estou velho...
Meus sonhos se perderam
Nas encruzilhadas da vida!
terça-feira, 1 de setembro de 2009
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