sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DO POETA

Aroldo Camelo de Melo




Do poeta, o fingimento
É o lado mais sincero.
Fernando Pessoa usava pseudos
Pra mostrar seu mundo verdadeiro.
Seus versos iam por inteiro
Revelando sua sinfonia interior.
Do completo teor de sua escrita,
Seus profundos murmúrios,
Só a natureza escutava.
Seus passos acendiam o farol luso
Com energia de fantasmas
E até hoje pelas ruas embriagadas
De alguma cidadela empoeirada
Ou subúrbio metropolitano,
Qualquer neófito poeta
Em tom de desafio dirá:
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

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