sexta-feira, 16 de outubro de 2009

MINHA TERRA

aroldo camelo de melo


O sol derrama seus raios
pelos contrafortes da Borborema,
contrafortes que te cercam, te abraçam
minha terra, meiga morena.
Meia dúzia de casas de tanta história
que meu pai me ensinou a guardar
bem dentro, cá na memória.
O espocar de fogos no ar
nas festas de São Sebastião
trazem lembranças do meu tempo de menino
vibrando, alegrando meu coração!
Hoje te vejo, minha terra,
meu povo está velho, minguando,
os novos partiram e só te visitam
de vez em quando,
mas ainda sinto o cheiro de flores
no ar que respiramos.
Vejo doçura no olhar da criança
que se debruça no parapeito da janela
ao me ver passar,
sinto amizade nas ásperas mãos do camponês
que me cumprimenta.
Cadê Cambimba, Babau,
Jorge, Augusto, Genival, Benedito Bacurau?
Venham todos cá,
vamos tomar banho na cacimba do Cajá,
vamos roubar banana de Severino Cunha. Que vergonha!
Vamos, enfim, nos embrenhar nos verdes canaviais
e reviver a liberdade,
a liberdade que hoje não temos mais!

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