sexta-feira, 9 de outubro de 2009

NO CREDO, A ACEITAÇÃO DA MORTE

aroldo camelo de melo



Mundo dos que se foram. Desconhecido.
Nunca houve elo depois do aceno de despedida.
Rua sem nome. Casa sem endereço.
Via de acesso intransitável.
Sequer se sabe se existe via.
Sem ponte, sem margem,
Sem fio de meada. Sem alegoria.
De retorno, só nebulosas aparições,
Imagens dolosas. Parábolas intraduzíveis.
Frágil mente humana,
Ninho de embusteiros.
Ali a confusão faz morada.
Campo ilusório. Luz de plenilúnio.
Quem se atreve a acender
O farol da verdade?
Nestas hostes, a realidade
É lança perfurante.
Destes mistérios
Falam línguas estranhas.
Na morte não tem céu.
Embora santo sejam os que partiram,
É como se auto-absolvessem.
A promessa da ressurreição é o mistério da fé.
Só assim, bebendo da fonte deste
Credo, é que se aceita a morte.

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