segunda-feira, 5 de outubro de 2009

MEUS HIATOS

aroldo camelo de melo



Espiono-te pelas frestas
De meus temerosos olhos.
Tua nudez estampada
Num vestido de cetim
Esvaziam-me as pálpebras
De imagens difusas
E tu, deusa bacante,
Em teu silêncio pétreo,
Transpiras suavidade
E me provocas alucinações
No planar de tuas asas de anjo.
O calor de teu rosto brônzeo
Acaricia meu peito desgovernado
E meu coração renasce
Num mundo fantasmagórico
E assim gongórico
No reflexo
Me glorifico
Em tua sombra imaculada.
Já não sou
Senhor dos meus atos.
Somente a tua imagem
É capaz de dissipar
A confusão dos meus hiatos!

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