segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SOU AQUELE?

Sou aquele que passa
Pelos desvãos de mim
E vai pelas frestas
Escuso, cheio de arestas,
Com receio do fim?
Sou aquele que me nega
Os apelos que faço a mim?
Sou aquele que entre lágrimas
Arranca um sorriso de mim?
Sou aquele que passeia
Pelo bolso da calça
Buscando achados do tempo?
Sou aquele que se inventa
A cada prenúncio
De sibilinos ventos?
Sou aquele que busca
Cacos de cerâmica
Na ilusão de concatenar
Os fragmentos da vida?
Sou aquele que escuta
Os alaridos do vento
E se deita na contemplação
Das relvas umedecidas?
Quem me dera
Que meus medos falhassem,
Que minhas falhas quedassem
E meus muros morressem
E assim eu pudesse
Na mansidão do não ser
Demolir vestigios
De egos transfigurados.

Nenhum comentário: