terça-feira, 13 de outubro de 2009

VENDEDOR DE CAVACO-CHINÊS

Aroldo camelo de melo



O vendedor de cavaco-chinês
anda um, anda dois, anda três
quarteirões e não vende um.

Eu o acompanho na rota
e o vendedor de cavaco,
impávido, não denota
a menor frustração.
Vai de porta em porta:
“bom dia, dona Maria,
bom dia senhor João,
vai querer o cavaco?
Não quer? Tem nada não!”.
Seu largo sorriso
é pura satisfação.

“Se hoje não vendi,
amanhã, domingo, é batata.
Depois da missa a meninada
esvazia a lata”, diz.
Nunca mais vi
o vendedor de cavaco.
Nenhuma vez!
Será que não é mais tempo
De cavaco-chinês?

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