terça-feira, 13 de outubro de 2009

QUE DEUS TENHA PIEDADE


Onde tudo se ufana. Às voltas pelo avesso.
Fumeio a poeira das entranhas. Irrita-me a laringe.
Pululam sofismas. Desvendo esfinges,
Violo sacramentos e encaro faces metálicas.
Num exercício bucal mastigo lagartos
E o manto frio da noite me incomoda.
Tudo é arame farpado. Faço-me contorcionista
E me desvencilho da iniqüidade que me rodeia.
Ali Nietzsche é deus.
Mentiras dos ímpios viram profecias.
Pensam que planam alturas.
Fazem seus voos de cordilheiras e se arrebentam
Na planície descampada. A luz é pífia nos
Olhos vesgos dos que se pensam gênios.
O poeta atordoado pousa numa estrela
E exclama: “que Deus tenha piedade”!
Vade retro Nietzsche e seus séquitos!

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