Numa manhã clara de verão
gente calada, mãos calejadas,
enxadas, marmitas, desditas
eu vejo o rústico agricultor brasileiro!
Eu ouço o choro do menino faminto,
rasgando a goela de tanto gritar,
sapateando com os pés
numa poça de lama no piso de barro preto.
Eu exalto a tua fé, a tua estúpida
e impressionante fé, caboclo,
a fé na tua enxada e terra fértil,
que embora em se plantando tudo dá,
se cansa e sem a chuva começa a reclamar
e ainda o sol canicular, abrasador,
impiedoso, mudo espalhando o medo, o terror.
Eu vejo adiante, num contraste estonteante,
as lindas campinas verdejantes
que se cobrem, descobrem lá no horizonte sem fim
e sinto assim o aroma das flores
que enfeitam, embelezam altares, andores
nas festas matutas, astutas.
Eu ouço o tilintar das enxadas
anunciando a hora da prece
numa manhã clara de verão
e murmuro, rogo, vocifero uma oração
em louvor àqueles gigantes, heróis
de se oprimem, comprimem
produzindo alimento pra todos nós.
É lindo o espetáculo vibrante
do gorjeio harmonioso das aves brejeiras
e me sacudo olhando por sobre as palmeiras
um bando de pássaros cantarolando felizes.
Ao longe, já ao cair do sol todo calor,
gente calada, mãos calejadas, enxadas,
marmitas, desditas
eu vejo o rústico agricultor brasileiro!
terça-feira, 6 de outubro de 2009
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